06/02/2016

Os Oito Odiados (The Hateful Eight - 2016)



                Este ano tivemos direito ao oitavo filme de Quentin Tarantino e, como grande fã do realizador, eu não podia estar mais entusiasmado. Foi com alguma surpresa que, na altura das nomeações para os Óscares, constatei que o filme não tivesse sido um dos escolhidos para a categoria de melhor filme. Lá conseguiu três nomeações e agora chegou a altura de verificar se “Os Oito Odiados” merecia mais atenção do que aquela que teve.
                Um caçador de recompensas e a sua prisioneira são obrigados a ficar numa cabana cheia de personagens que não aparentam ser o que são. Quem vai sair vivo deste encontro?
                O realizador decidiu voltar a fazer um western, só que este não podia ser mais diferente de “Django Libertado”. Enquanto um tinha mais cor e grandes doses de acção, este é mais contido, dando lugar a mais diálogos intensos e momentos de ação apenas momentâneos. Como não podia deixar de ser, estas ocasionais cenas de acção têm a brutalidade característica do realizador, por isso gente que não goste de ver sangue nem coisas a explodir é capaz de passar um mau momento.
                E os diálogos, visto que são o ponto central do filme, convinham que fossem de qualidade, não é? Aí Tarantino não costuma desiludir, voltando a provar que consegue escrever grandes e intensos diálogos, que conseguem prender sempre a atenção de quem está a assistir, com várias referências ao recente fim da Guerra Civil. Mas mesmo que o argumento seja muito bom não interessa se a as interpretações não nos convencerem. Nesse departamento, não podíamos estar melhor servidos; é verdade que Jennifer Jason Leigh teve uma nomeação para melhor atriz secundária (embora ache que talvez não tenha sido totalmente merecido, não que não tenha sido uma boa prestação, mas nada de extraordinário), mas deixar Samuel L. Jackson de qualquer tipo de reconhecimento é praticamente um crime, pois o ator faz uma prestação incrível, a fazer de um caçador de recompensas que não é tudo o que aparenta ser.
                Não que o resto do elenco esteja lá só para ocupar espaço. Todos têm os seus bons momentos. Tim Roth está hilariante, Kurt Russell tem um grande desempenho e até a pequena participação de Channing Tatum consegue valer a pena.
                Só que isto não é tudo um mar de rosas. Como é habitual, o realizador entregou-nos um filme com uma duração considerável. E, por vezes, tal é compreensível, mas agora haviam várias cenas que podiam ter tido uma duração mais reduzida, pois parece que apenas estão lá para encher, quando não havia necessidade para tal. Também não vai ser desta vez que quem não gosta dos filmes de Quentin Tarantino vai mudar de opinião, já que está dentro do mesmo estilo (e também dificilmente irá mudar).
                Mais um grande filme para a coleção do realizador e que, de certeza, merecia mais atenção do que teve nas nomeações dos Óscares.


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