15/10/2013

Filmes que Marcaram: Bruno Duarte, Cine 31



ED WOOD (1994)


               Como podia eu não aceitar esta oportunidade para falar uma vez mais do meu filme favorito? Já fazia tempo que eu estava de olho neste e bastou a Andreia Mandim confirmar-me que sim, valia a pena ver. Sendo eu um fã do Senhor Lugosi e um intrigado pela epopeia de Edward D. Wood Jr, estava genuinamente ansioso. E do princípio ao fim, amei o filme. 
                Choca-me como pouca gente, na verdade, conhece este filme. É do Tim Burton e tem o Johnny Depp! Nem com as ocasionais menções em revistas ou, diacho, com a internet, ninguém com quem falo, além dos colegas cinéfilos, conhecem este filme. Ironicamente, o filme falhou consideravelmente no Box Office em 1994. E de novo com a ironia, seria então o marco de mais uma gema nascida em pleno céu estrelado. Valha-nos o culto, outrora referente a grupos satânicos que espalhavam galinhas decapitadas à frente de liceus, agora são pequenas larvas que buscam no meio do lixo o melhor pedaço de toucinho. Sei que acabei de comparar os meus amigos da área a larvas mas eu de qualquer maneira não sou popular o suficiente para me preocupar com isso. 
                 Ed Wood funciona como uma espécie de biopic sobre, bem, Ed Wood. Digo espécie pois embora seja dos filmes mais contidos do Tim Burton, continua a ser um traço exagerado sobre as características mais agradáveis da personagem. E, com elegância, admiração e óbvia curiosidade, Tim Burton explora o que fez de Ed Wood um ser tão à parte da sociedade, quer a nível de cinema como mesmo social. Existem, essencialmente, três coisas a serem exploradas: o seu gosto por transvertismo que mesmo não sendo o real foco não é abandonado o facto da importância que teve para a sua vida, os seus amigos esquisitos mas isso mesmo, amigos e a sua admirável persistência em olhar para o lado positivo e optimista, sendo este o tema principal do filme que acaba por proporcionar tanto a alegria como a tristeza no final, especialmente sabendo mais sobre a carreira para além do filme. 
                  De destacar, a prestação tanto de Martin Landau como Bela Lugosi como Johnny Depp num dos seus papéis mais carismáticos (que poucos viram), a atmosfera de sci-fi e terror dos anos 40-50 e a recriação das suas famosas obras como Plan 9 from Outter Space.
                   O filme é bom mas por alguma razão marcou-me tanto a ponto de se ter tornado no meu favorito. Bem, a razão há-de ser mais ou menos esta, a meu entender: Eu sou um aspirante a realizador. Por agora sou, quanto muito, um estagiário que entrega os cafés ao tipo que vai entregar os cafés à equipa de produção. Mas vi este filme numa altura em que me encontrava em baixo e a refletir se realmente valia a pena eu prosseguir e arriscar neste mundo louco e injusto que é o cinema. Excusado será dizer que o filme inspirou-me, principalmente a cena fictícia entre Ed Wood e Orsen Wells onde bastou uma frase para me ensinar mais do que eu possa aprender nas aulas que ando a ter. Tal como o Ed, também os meus filmes e curtas não são grande coisa. Não possuo o seu optimismo (quem possui?) mas partilho da vontade em prosseguir independentemente do quão me tentem escorraçar (e bem tentam, oh se tentam), mais que não seja pela diversão do caraças. E, embora bastante novo, é engraçado como vivo um mundo parecido ao de Hitchcock e de Ed Wood. Isto foi uma frase e tanto, sei bem, mas refiro-me a também viver momentos bizarros em que não só a minha metade tem de viver com as minhas figuras tanto na pré como na pós produção como eu vejo muito difícil de explicar-lhe que preciso que me ajude a vestir de mulher para um vídeo que tenho de fazer. Não importa que seja este o trabalho de actor, nem que nos tenhamos conhecido no teatro e nos juntado após várias peças feitas… é sempre bizarro, tal como a vida de Ed Wood. E essa transparência inesperada que sofri entre o filme e a realidade que conheço fez-me ver imenso no filme. Fez-me ver as semelhanças, as soluções e os perigos que se aproximam, caso eu queira realmente continuar a fazer filmes.
                    E é claro que continuarei a fazer filmes pois vale a pena lutar pelas nossas visões. Especialmente se isso irritar os nossos haters.


2 comentários:

  1. Este filme é Burton de topo. A par com o Eduardo são os meus preferidos dele. Excelente escolha.

    abraço

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  2. filme 5 estrelas!! também foi dos que me marcou!

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